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Moro roubou o direito do povo de decidir entre Lula e Bolsonaro em 2018, diz Greenwald


Por Carta Capital


O comportamento corrupto e abusivo de Sérgio Moro não se apresentou apenas em um caso isolado, considerou Glenn Greenwald, colunista de CartaCapital, em transmissão ao vivo nesta quinta-feira 24.

Porém, na opinião do jornalista, será muito difícil punir o ex-juiz criminalmente, ainda que ele tenha uma trajetória marcada pela violação à democracia.

Moro foi definido oficialmente como suspeito no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 7 votos a 4, no caso do tríplex do Guarujá. Greenwald, que coordenou a publicação de uma série de reportagens sobre a parcialidade do ex-juiz no processo, avalia que a postura foi contínua e resultou na destruição da legitimidade das eleições de 2014 e de 2018.

No caso das eleições de 2014, Greenwald lembra que os adversários de Dilma Rousseff (PT) não haviam aceitado a derrota nas urnas, mas até então não tinham o impeachment como uma alternativa viável.

Foi Moro um dos principais colaboradores para que esse recurso fosse possível, após vazamentos ilegais de conversas privadas que envolviam a ex-presidente, destaca o jornalista.

“O que converteu a ideia louca em uma possibilidade real foi o episódio em que Sérgio Moro gravou as conversas da Dilma com o Lula”, recorda. “Foi uma violação à lei, porque ele não tinha autorização do STF para gravar conversas da presidente.

Com um projeto ideológico, ele abusou do seu poder judicial para mudar a política.”

Nas eleições de 2018, acrescenta Greenwald, a perseguição a Lula resultou na proibição da participação do petista na disputa em que Jair Bolsonaro saiu vencedor.

Na prática, a parcialidade do juiz de Curitiba contribuiu para vetar a possibilidade de derrota da extrema-direita naquele ano.

Moro agora está fugido nos Estados Unidos e dificilmente será penalizado. Para as classes mais ricas, a punição criminal se resume simplesmente à perda de reputação, diz Greenwald. Especialmente no caso dos juízes, o castigo é ainda mais complexo, porque a lei protege essa categoria para prevenir ameaças a condenações, em tese, justas.

Dispositivos que preveem abusos são recentes e, por isso, não foram implementados contra o ex-juiz.

Em relação à vida política, é verdade que Moro tem sido ventilado como eventual nome para o Executivo, sobretudo para presidente da República.

Mas, na visão de Greenwald, o ex-juiz parece ter descartado esse plano, por ter sofrido muito desgaste em um período tão curto.

“Provavelmente, ele não quer essa vida mais.
Ele está perseguindo não mais poder político, mas lucro, dinheiro, uma vida rica”, avalia. “Se eu fosse Sérgio Moro, escolheria morar em Washington D.C. e ficar bem longe do julgamento sobre o que fiz.

Lula pode ser presidente daqui a 18 meses, o jogo estará reverso.”

Confira, a seguir, a entrevista na íntegra. "Aqui"

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