Uma nova leva de mensagens divulgadas hoje pelo site The Intercept Brasil revela que o então juiz Sergio Moro - agora ministro da Justiça - sugeriu ao Ministério Público Federal (MPF) a publicação de uma nota contra o que chamou de "showzinho" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de sua defesa durante e após seu interrogatório relativo ao caso do tríplex de Guarujá (SP).
As mensagens datam do dia 10 de maio de 2017, quando Lula prestou depoimento em Curitiba para esclarecimentos sobre a ação penal - a primeira apresentada contra ele pela operação Lava Jato. Após o interrogatório, os advogados do petista concederam entrevista coletiva, e o próprio ex-presidente participou de um ato na capital paranaense, em que declarou que se candidataria à Presidência em 2018.
A investigação coloca em xeque a imparcialidade do ministro quando era responsável pelo julgamento em 1ª instância de diversos casos de corrupção pela 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, dentre eles, o caso do tríplex no Guarujá, que levou à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mensagens vazadas indicam que Moro orientou e fez sugestões ao MPF. Naquele dia, Moro questionou, segundo o The Intercept, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima: "O que achou [do interrogatório]?". O procurador então responde que "ficou muito bom.
Ele [Lula] começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo." Em seguida, Moro desdenha da imprensa: "A comunicação é complicada, pois a imprensa não é muito atenta a detalhes".
Um minuto depois, Moro sugere ao procurador "editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento [de Lula] com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele.
Por que a defesa já fez o showzinho dela." As falas de Moro no início daquele depoimento, conforme apurado pelo Intercept, demonstram contradição com sua atuação nos aplicativos de mensagens.
."Também vamos deixar claro que quem faz a acusação nesse processo é o Ministério Público, e não o juiz. Eu estou aqui para ouvi-lo e para proferir um julgamento ao final do processo", disse Moro ao abrir a audiência com Lula.- Veja mais em "UOL"
Segundo o site, as informações vieram de um lote de arquivos enviados por uma fonte anônima há algumas semanas para a empresa de comunicação, contendo mensagens de texto, áudio e vídeo trocadas entre 2015 e 2018 pelo aplicativo Telegram. Ainda de acordo com a reportagem, os documentos foram recebidos antes da notícia da tentativa de invasão do celular do ministro Moro, no começo de junho (4). O ministro confirmou que seu celular foi clonado, mas disse que não houve captação de conteúdo.
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